Na imprensa

O artigo:

Há dias que não se entendem
Helena Matos
2 de Dezembro de 2008
Publico

Mais uma vez tivemos a comemoração do Dia sem Compras. Devidamente convocado para um sábado por umas almas certamente isentas de constragimentos horários e orçamentais, pois a maioria dos portugueses não só trabalha durante a semana, como está a confrontar-se com dificuldades que os levam a reduzir as compras, que apelaram "a outra forma de vida" onde se inclui o não fazer compras: "devemos reduzir o consumo ao essencial, receber o que o planeta tem para nos dar sem o destruir" - dizia o comunicado do GAIA - Grupo de Acção e Intervençao, promotor da efeméride. Contudo, o mais espantoso não é o teor destas propostas, mas sim o reflexo pavloviano que estes dislates geram nas redacções. Imediatamente, um repórter parte de microfone em punho para inquirir não os autores destas propostas, mas sim quem ousa contrariá-las. O tom adoptado nas perguntas é mais ou menos o mesmo com que no passado, no mundo cristão, se confrontavam aqueles que comiam carne na Semana Santa.  Porém, e aproveitando este apelo do GAIA, teria sido interessante perceber exactamente o que entende aquela organização - que se tornou conhecida dos portugueses aquando da destruição de um campo de milho transgénico no Algarve - não apenas por um mundo sem compras mas sim por "acção directa"? No próximo fim-de-semana,  o GAIA leva a cabo no Porto, uma "oficina activa" de "acção directa". Se um dia sem compras é difícil de imaginar, já as consequências daquilo a que se tem chamado "acção directa" são bem fáceis de entrever. É mesmo de acção directa de que o GAIA está a falar? E já agora, directa sobre quem?



Uma carta ao Provedor:

Caro Joaquim Vieira,  

O meu nome é xxxxxxxxxxxx e sou um jornalista freelance português que ao longo dos últimos anos tem frequentemente escrito para, entre outros, o jornal inglês "The independent" e para as revistas "New Internationalist" e "New Statesman".
    Escrevo esta mensagem porque também pertenço a um grupo autónomo, sem quaisquer filiações politicas, que se concentrou para organizar um evento, que terá lugar entre os dias 6 a 8 de Dezembro no Porto, intitulado "Oficina Activa". (www.oficinaactiva.weebly.com)     

No Público de hoje (2 de Dezembro de 2008), particularmente na secção local ( Porto - pagina 35) Helena Matos elaborou um comentário que, para além de absolutamente ridículo, é baseado numa série de suposições erradas mostrando um total desinteresse pela exactidão do mesmo comentário, já que de facto, o objectivo não era mais do que um descarregar de preconceitos politico-sociais.
 
 
Em "Há dias que não se entendem" Helena Matos, e o jornal o Público por afinidade, resolveu ridicularizar o chamado "dia sem compras", o grupo Gaia e, por um malabarismo cuja raiz é me totalmente alheia, a Oficina Activa .
    Gostaria de saber, como elemento da organização do evento, onde é que Helena Matos desencantou que o evento "Oficina Activa" é um evento organizado pelo grupo GAIA? Confesso-me perdido. O Gaia, tal como muitas outras organizações e indivíduos, vai estar presente, como participante e nada mais. A organização da Oficina Activa é completamente autónoma, sem representação de nenhum grupo em particular. Insinuar e publicar o contrario é falsa informação.    Será que Helena Matos encontrou o evento anunciado no site do Gaia? Se assim o foi, seria correcto pensar que toda a publicidade no jornal o Público está directamente relacionada com a organização do jornal? Serão eles a mesma coisa? Ou será que não é nada mais do que isso, um anúncio de um evento, e portanto, sem espaço para grandes e variadas interpretações?      Ainda bem que temos alguma liberdade de expressão, que nos permite emitir quaisquer comentários, mesmo que disparatados. No entanto, também deveria haver "dever de expressão", para corrigir erros colossais.    

 Helena Matos escreveu:
   « No próximo fim de semana, o Gaia leva a cabo, no Porto, uma "oficina activa" de "acção directa". Se um dia sem compras é difícil de imaginar, já as consequências daquilo a que se tem chamado "acção directa" são bem fáceis de entrever. É mesmo de acção directa que o Gaia está a falar? E já agora directa sobre quem? »   
Primeiro, se Helena Matos não sabe o que é acção directa, as suas raízes e a sua história, permita-me que lhe explique. Acção directa é uma das mais antigas e tradicionais formas de expressão politica. Num estado democrático sempre houve espaço para acção directa, sempre o aconteceu, acontece e continuará a acontecer. Acção directa engloba todo o tipo de actividades, incluindo o acto de escrever esta mensagem. Isto também é acção directa.
   "...a que se tem chamado acção directa...são bem fáceis de entrever". Associa-la de imediato a algo duvidoso, como Helena Matos o faz, é um atentado à minha liberdade de expressão, liberdade de acção e opção politica; tal como acção, direito e dever democrático.    

Se o jornal O Público tem legitimidade para tomar alguma posição politica, essa tem de ser forçosamente a favor de uma expansão e manutenção da democracia, e não o contrario. Se o contrario acontecer, seja directamente ou através de insinuações, então apenas a uma conclusão se poderá chegar. Existe no publico, ou pelo menos na cabeça de Helena Matos, um intuito de manipular e controlar a expressão democrática do individuo, e portanto, existe também o objectivo de tornar o jornal não numa fonte de informação parcial, mas sim num instrumento de propaganda politica.
   Se de facto assim o for confesso-me entristecido. Não que não tenha reparado no passado que no jornal o Público, resistissem alguns detritos de manipulação politica.  Natural ou não fosse a nossa profissão enraizada no propagandismo (nenhum de nós o poderá negar). Mas faze-lo tão descarada e desleixadamente, como Helena Matos o fez, entristece-me como jornalista, colega de profissão de Helena Matos.  

O Público muito fez por criar uma imagem de imparcialidade e rigor jornalístico. Será este um pequeno percalço? Ou será um sintoma gerado por uma agenda politica escondida? Aguardo pela resposta.
   Helena Matos, sabe-se lá porque, associou, indirectamente, a oficina activa à acção de sabotagem do movimento Verde Eufémia, que destruiu uma pequena parte de um campo de milho trangénico no Alentejo. Ao ler o artigo lembrei-me que na altura, trabalhava eu na sala de redacção do jornal "the Independent", e ao ver a cacofonia que se espalhava rapidamente pela imprensa e redes de televisão portuguesas comentei com os meus colegas o que se passava. A risota foi geral, e sendo o humor inglês livre da "correctismos" fundamentalistas, devolveram-me uma avalanche de comentários estilo: "Eles chamaram isso de terrorismo? Ha ha ha" ; "A imprensa em Portugal é mesmo assim tão fechada a estas actividades? Não acredito, estas a exagerar."   Na altura calei-me envergonhado. Hoje ao ler este artigo de Helena Matos partilho uma sorriso trocista com eles.    

Em nome do rigor da minha profissão, que adoro e defendo até aos limites da razão, ofereço-me para responder às duas perguntas com as quais Helena Matos termina o seu patético artigo.
  "É mesmo de acção directa que o Gaia está a falar?" – Não, porque o Gaia não esta a falar de nada, a não ser na mente desinformada de uma jornalista que não sabe fazer uma pesquisa básica. Repito, para que não haja mal entendidos, Não é o Gaia que esta a organizar a Oficina Activa.  "E já agora directa sobre quem?"- Tudo e todos. Para tudo e todos. De tudo e todos. Por uma maior participação nos assuntos que nos dizem respeito a todos, incluindo as Helenas Matos do planeta.  Se restarem duvidas podem aparecer este fim de semana. Está planeada uma oficina sobre Media. Talvez tenham alguma coisa a aprender.  

Melhores cumprimentos.
 
 




Outra carta ao Provedor:


O texto que Helena Matos (HM) publicou no Público de 2 de Dezembro, sob o título "Há dias que não se entendem" é perfeitamente legítimo, mas levantavárias questões que acho que é importante relevar.

Vamos por partes.

HM tem um discurso quase raivoso contra umas *almas certamente isentas de
constragimentos horários e orçamentais* ,que se pode compreender nas análises de café, mas que é criminoso quando quem o articula assina como *jornalista*. Claro que se trata apenas do tom e que esse pode ser mais entendido por quem lê do que pretendido por quem escreve. Dê-se o benefícioda dúvida

O texto de HM tem uma incorrecção fundamental. A Oficina Activa não é organizada pelo GAIA! Bastava uma pesquisa básica para o perceber. E, lá está, quando a assinatura é duma jornalista, habituada a pesquisar antes de escrever, e quando os erros são tão grosseiros, tenho tendência para pensar que não há mais do que duas alternativas. Ou se trata de alguém com elevado grau de incompetência ou de mentira propositada. Fica a dúvida, que não o benefício.

Mas pior do que a mentira, ou a incorrecção, são as manipulações. Piores,porque, sabe quem escreve, as coisas não têm que ser escritas para serem lidas. A insinuação, quanto mais leve e disfarçada, mais se entranha. E ot exto de HM está cheio delas. Senão, vejamos.O texto começa logo por fazer crer que o Dia Sem Compras é uma invenção do GAIA. Não o diz, mas é o que lê quem depara com ele. O Dia Sem Compras é uma tradução do Buy Nothing Day e, creio eu, uma invenção dos Adbusters (http://www.adbusters.org/).

Depois, tenta fazer crer que o GAIA defende um mundo sem compras, porque distribuiu um comunicado onde afirmam que "devemos reduzir o consumo ao essencial, receber o que o planeta tem para nos dar sem o destruir". Não sei se o GAIA o defende ou não, só sei que não o diz. Limita-se a dizer que é bom haver um dia de reflexão sobre a questão do consumo e que a sua visão particular é a de que esse consumo deve ser consciente e ter em conta a sustentabilidade do planeta. Ou será que os presidentes de câmara que apoiam o Dia Sem Carros querem um mundo sem carros?

Mais à frente, volta a insinuar, sem o dizer, que o GAIA organizou a
"destruição de um campo de milho transgénico no Algarve", quando quem o fez foi o Movimento Verde Eufémia. Nesta mesma frase volta a mentir, quando transforma um hectare num "campo". Talvez por preconceito ideológico, mas a verdade é que volta a manipular quando confunde acção directa (que existe por oposição a acção indirecta, no sentido de as pessoas agirem, individual ou colectivamente, sobre as questões que lhes tocam na vida, sem delegar esse poder a ninguém) com vandalismo ou violência.

 Aliás, mais uma vez, bastaria que HM visitasse o
site da oficina activa para perceber que não é de partir montras nem decolocar bombas que se tratará. Num texto tão pequeno, uma tão grande dose de inverdades e manipulações assinadas por *Helena Matos, jornalista*, é uma situação alarmante. Porque,para quem lê, a aura de credibilidade que um *jornalista* dá a um artigo de opinião, leva a que as premissas não sejam questionadas e, logo, a que as conclusões possam estar viciadas. Um perigo sobre o qual o provedor deveria ter algo a dizer.


Contactos do Público:


[email protected]

Joaquim Vieira  - [email protected]

outros contactos:

http://static.publico.clix.pt/homepage/nos/contactos.aspx

Oficina activa tem som

  Estão já confirmadas algumas bandas para sonorizar a oficina activa.

  A musica começa Sábado dia 6 às 18 horas com 3 bandas de Punk vindas de 3 diferentes pontos do país. São eles os Insulto, banda de Setúbal (KylaKancra); os Estado de Sitio, de Aveiro; e os Cabeça de Martelo, de Ovar

   Para domingo está também confirma mais uma reunião dos Trashbaile cá do Porto.

   Aguardamos por mais confirmações, mas uma coisa é certa, musica e sons não faltarão.

 

   Insulto

http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=400041762

 

   Estado de Sitio

http://www.myspace.com/estadodesitiopunx

 

   Cabeça de Martelo

http://www.myspace.com/cabecademartelo

 

   Trashbaile

http://trashbaile.pt.to/



http://www.myspace.com/trashbaile 


Acção directa também sabe ser arte




Art not oil na oficina activa.Foi recentemente confirmada a exposição que compilara 3 anos de arte produzida por uma série de artistas internacionais preocupados com o efeito das grandes petroleiras na biosfera, a famosa exposição “Art not Oil”.   O projecto iniciou-se em 2005, antes da cimeira do G8 na Escócia, quando a organização ambientalista britânica “Rising Tide” lançou um apelo pedindo a diferentes artistas que se concentrassem na produção de uma exposição de arte dedicada à influencia da industria do petróleo no meio ambiente. Não demorou até que o apelo fosse correspondido por alguns dos mais conceituados artistas como os famosos Banksy, Arofish, Nadim Younas ou James Self. Desde então, aquele que era um projecto casual e de curta duração, não para de crescer, abrangendo um leque invejável de artistas de todos os cantos do mundo no mais variados estilos artísticos como fotografia, stencil, pintura a óleo ,desenho, escultura e culture jamming. Depois de atravessar meio mundo atrás das grandes conferências e encontros da industria petroleira a exposição finalmente chega a Portugal (atrás de outra grande conferência...a oficina activa), com uma selecção de alguns trabalhos produzidos nos últimos 3 anos.     Para ver na Casa viva a partir de dia 5 de Dezembro.